domingo, 19 de junho de 2011

Teste Cego de cervejas de grande mercado brasileiras

Desde que comecei a mergulhar no mundo das cervejas importadas e nacionais artesanais, reparo muito mais na qualidade da cerveja, no prazer que ela proporciona ao ser bebida, e não somente na sensação boa de refrescância que ela traz, por estar estupidamente gelada, como se costuma pedir.

Inclusive beber uma cerveja extramamente gelada é uma das maneiras de enganar o consumidor, visto que desta forma a língua fica anestesiada em decorrência da baixa temperatura do líquido ingerido, fazendo com que não se sinta plenamente o gosto da cerveja, mas isso é conversa pra outro momento.

Enfim, por causa dessa necessidade de exigir mais qualidade da cerveja foi que resolvi fazer um teste cego com as cervejas de mercado, aquelas que encontramos com grande facilidade nas prateleiras de supermercados, vemos propagandas na televisão, em jornais, etc.

A curiosidade era saber se estamos sendo preconceituosos ou levados pelo marketing agressivo das grandes cervejarias. Será que ao exigirmos que a cerveja de um churrasco seja uma Brahma, uma Bohemia ou uma Antarctica, estamos agindo de forma natural ou de forma tendenciosa? Por que não uma Cintra, uma Crystal, uma Bavaria? Será que elas são tão ruins assim? Ou será que são, somente, cervejas de menor poder de marketing agressivo e que, com isso, acabam sendo rotuladas como de pior qualidade?

Para acabar com essa dúvida, foi montado o seguinte esquema: 7 foram os voluntários a beber 12 cervejas de grande acesso no Brasil, sendo elas Antarctica, Bavaria, Bohemia, Brahma, Cintra, Crystal, Devassa, Heineken, Itaipava, Nova Schin, Skol e Sol.


Metodologia:
Foram compradas 2 latas de cada cerveja participante do teste cego. Os sete participantes, então, foram divididos em 2 grupos. O grupo 1, composto por Filipe Verissimo, André Brand, Breno Scorza e Marcos Tadeu, foi servido pelo grupo 2.
Desta maneira, foram colocados 12 copos na frente dos 4 voluntários, que beberam todas as cervejas, marcando seus atributos, tais como cristalinidade, coloração, amargor, gosto e aroma, dando uma nota geral ao final, bem como tentando adivinhar de que cerveja se tratava.

O mesmo procedimento foi adotado novamente, desta vez o grupo 2, composto por Marcelo Villela, Guilherme Bieler e João Victor, foi servido pelo grupo 1.
 


Características avaliadas:
Cristalinidade (cerveja cristalina ou turva) / Coloração (amarelo claro, amarelo ouro ou alaranjada) / Corpo (aguada, leve ou forte) / Amargor (amarga, alcoólica ou normal) / Aroma (bom, ruim ou alcoólico).

Eis os resultados obtidos:

Classificação por características:
Antarctica - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor leve e alcoólico, aroma ruim.
Bavaria - cerveja cristalina, de cor amarelo ouro, sabor leve e normal, aroma bom.
Bohemia - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor forte e normal, aroma bom.
Brahma - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor leve e amargo, aroma bom.
Cintra - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor leve e normal, aroma bom.
Crystal - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor leve e normal, aroma ruim.
Devassa - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor leve e normal, aroma ruim.
Heineken - cerveja cristalina, de cor amarelo ouro, sabor forte e amargo, aroma bom.
Itaipava - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor leve e normal, aroma ruim.
Nova Schin - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor aguado e normal, aroma bom.
Skol - cerveja cristalina, de cor amarelo claro, sabor aguado e normal, aroma bom.
Sol - cerveja cristalina, de cor amarelo ouro, sabor leve e normal, aroma ruim.

Classificação por nota final (média entre as notas dos 7 participantes):
1- Heineken (7,71)
2- Sol (7,25)
3- Bohemia (6,64)
4- Brahma (6,01)
5- Crystal (5,83)
6- Nova Schin (5,76)
7- Devassa (5,71)
8- Itaipava (5,67)
9- Skol (5,64)
10- Bavaria (5,50)
11- Cintra (5,36)
12- Antarctica (4,99)


Percepções:

1) A dificuldade em diferenciar as cervejas foi enorme. Elas se parecem em muitos aspectos. Pode-se criar grupos, porém entre eles fica muito complicado de saber qual é cada cerveja.
A única cerveja de fácil identificação foi a Heineken, a qual foi acertada por 6 dos 7 participantes. Essa cerveja foi colocada de propósito neste teste, exatamente para saber se ela seria a destacada.
A Heineken não pode ser colocada no mesmo bolo que as demais cervejas deste teste, por se tratar de uma real Pilsen, ao contrário das brasileiras testadas, que tratam-se de Standard American Lagers, cervejas mais fracas e com menos amargor.

2) O marketing realizado pela indústria cervejeira de massa influencia, e muito, a decisão do consumidor.
Cervejas cohecidas como top de linha do mercado de massa, como Antarctica e Skol ficaram no último escalão da classificação deste teste cego, enquanto que Sol, Crystal e Nova Schin, comumente olhadas com preconceito e desconfiança, encontraram seu lugar entre as primeiras neste teste.

3) O nível das cervejas brasileiras é extremamente baixo e, felizmente, fizemos uma rodada com 14 garrafas trapistas pra alegria geral da nação!

Se alguém discordar dos resultados deste teste, podemos realizar uma contra prova, mas daqui a um tempinho. Não sei se tenho paciência de passar por esse processo todo novamente...

Um abraço!